sábado, 25 de abril de 2009

Eleições Sulafricanas

Hoje encerram as contagens da eleição que levou os sulafricanos às urnas na última quarta-feira e como todos já sabiam, Jacob Zuma é o novo presidente do país pelos próximos 5 anos.

O partido de Jacob Zuma, o CNA, desde o fim do sistema do apartheid, nos anos 90, vem demonstrado enorme e incontestável força no cenário político do país. A força conquistada por ele vem da figura de Nelson Mandela, santificado vivo pelo povo de seu país pela vitória na luta que deu o poder aos negros. Desde então, o partido elege quem quer que concorra a presidência.

Há mais de uma década, Jacob Zuma enfrenta suspeitas e processos judiciais, sobretudo por corrupção, e em 2005 chegou a perder o posto de Vice-presidente para o último presidente Thabo Mbeki. Em 2006, sua figura política foi eclipsada por mais acusações, inclusive uma de estupro, da qual foi absolvido. Apesar dos quase quatro anos ora do poder, Zuma conseguiu hoje uma vitória com 67% dos votos.

Nos 15 anos em que está no poder, o CNA viu seu poder praticamente incontestável. O principal partido que lhe faz oposição é o Aliança Democrática (DA) que ficou em segundo lugar nas eleições dessa semana com 16% com a prefeita da Cidade do Cabo como candidata. Garantiram, pelo menos o governo da província do Cabo e a maioria absoluta dos votos dos sulafricanos residentes no exterior emitidos nas embaixadas.

Em terceiro lugar ficou o Cope, partido surgido em setembro do ano passado e que rapidamente atingiu a importância de ser o terceiro em força política. Em um movimento interno, acob Zuma destituiiu o então presidente Thabo Mbeki que formou o Cope com descontentes do CNA, sobretudo por causa dos infinitos casos de corrupção contra os partidários.

O Partido da Liberdade Inkhata (IFP) passou a ocupar a quarta posição perdendo seus anteriores 8% da representatividade política para, hoje, 4%. Partidos menores obtiveram menos de 1% dos votos e estudam aliança para trabalhem no Parlamento.

A democracia sulafricana

Tradicionalmente o eleitorado do CNA concentra-se nas camadas mais baixas da população sulafricana. Populações residentes em áreas sem água encanada, luz elétrica e carente de qualquer outro tipo de infra-estrutura dedicam seus votos ao partido apoiado pelo seu herói do passado recente, Nelson Mandela. Como em muitos países do Terceiro Mundo, o CNA é eleito com a promessa de levar a essas pessoas uma melhor condição de vida. Porém, mandato após mandato, e nada se altera. No poder desde o início do regime democrático, o CNA é acusado cada vez mais frequentemente de corrupção descarada, muitas vezes beneficiando-se da confusa burocracia existente no país.

O maior temor da comunidade internacional nas eleições dessa semana era a de que o CNA obtivesse 70% dos votos e garantisse tantos assentos no parlamento que fosse possível alterar a constituição nacional sem a necessidade de alianças. Seria, sem sombra de dúvida, um grande retrocesso da democracia. O surgimento do Cope, somado com os votos obtidos pelo DA, no entanto, garantiram a democracia no parlamento. Por isso, pela primeira vez desde 1994, os votos dedicados ao CNA sofreram queda:

1994 - 62%
1999 - 66%
2004 - 69%
2009 - 65%

No mais, segundo a agência de notícias EFE, o pleito sulafricano obteve 77% de participação e ocorreu sem maiores problemas, com excessão de falta de cédulas em algumas seções. Observadores internacionais - representados pela Missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África - garantiram que a eleição foi "limpa, transparente e crível", destacando que ela discorreu "em um ambiente pacífico".

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Carlos Raffaeli

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